A partir de 2004 a entidade foi contemplada com um programa de financiamento do Governo Federal inserindo-se na recém elaborada Política Nacional de ATER que tem a agroecologia e a utilização de metodologias participativas como eixos orientadores de ação para uma nova e universal ATER. No entanto, sabemos dos grandes desafios para que os diferentes agentes de ATER pública incorporem efetivamente estas novas orientações em suas ações cotidianas.
Esta sistematização é uma reflexão sobre os processos de assessoria sócio-técnica desenvolvidos pela entidade, buscando descrever e analisar os fatores de contexto e suas influências sobre a experiência em desenvolvimento. Pretendemos também fornecer subsídios e referências para o debate em torno da construção de uma diferenciada política pública de Assistência Técnica e Extensão Rural no Brasil. Usamos como referência na construção desta reflexão o documento intitulado "Sistematização da Experiência do CAA/NM: Gestão de territórios em redes sócio-técnicas" que foi produzido pela entidade e coordenado pelos autores em abril de 2006.
Analisamos como foi o processo de incorporação pelo CAA da estratégia metodológica que tem na relação agricultor&agricultor um dos elementos atuais mais fortes de sua atuação em programas comprometidos com a re-inserção econômica, social e cultural das populações sertanejas no cenário regional e nacional. Chamado a contribuir com a Cooperativa Agroextrativista Grande Sertão com um programa de "ATER", o CAA foi buscar na sua estratégia de acompanhamento e assessoria que teve suas origens em 1994 quando foi desenvolvido o Programa de Formação de Jovens, depois designado Programa de Formação de Monitores, inspirado na perspectiva metodológica da relação Agricultor & Agricultor. Esta experiência de agricultores como educadores, como protagonistas em um programa de assessoria técnica, foi aprimorada durante a execução de um programa de gestão ambiental executado no vale do rio Mosquito tendo o STR de Porteirinha como parceiro (2000/2003).
Com a incorporação dos agricultores como mobilizadores eles cumprem o papel de articular a produção dos locais com a cooperativa, atuando como educadores nos núcleos territoriais, animando uma rede sócio-técnica em torno do agroextrativismo.
Na construção desta sistematização realizamos reuniões com o CAA/NM discutindo com a equipe, coordenação da entidade e diretores da Cooperativa Grande Sertão, a importância e a forma de sua execução. A seguir realizamos incursões junto a alguns dos articuladores locais utilizando a técnica da observação participante com o objetivo de se levantar o contexto de suas atividades.